Erosão demográfica portuguesa

A população portuguesa envelheceu. É fato. Portugal é um país pequeno e conta com uma população de pouco mais de 10 milhões de habitantes e hoje já se encontra na situação em que mais de ¼ de seus habitantes tem mais de 65 anos de idade. Cada dia que passa é um país mais velho e mais despovoado nas cidades do interior, pois além de envelhecer, nascem cada vez menos crianças. Só para se ter uma ideia, no ano passado, segundo os dados oficiais, nasceram pouco mais de 82 mil bebês em Portugal.

Outro fato que chama atenção é que a população envelhecida, na sua maioria, tem rendimentos aquém das condições dignas para se manter e depende da intervenção do Estado para garantir a sua sobrevivência. Com um sistema de saúde razoável e com as crises econômicas do passado, o sistema foi ficando cada vez mais fragilizado e distante do padrão necessário para propiciar a qualidade de atendimento, manter os idosos ativos e menos dependentes do Estado. É assustador saber que 70% dos portugueses tem falta de algum dente natural e 8,2% não tem qualquer dente na boca, dados da Ordem dos Médicos Dentistas de Portugal. Um outro dado alarmante é que existem mais de 60 municípios portugueses onde nascem menos de 30 crianças por ano. Esses municípios já não possuem escolas de ensino fundamental e nem postos de saúde. São pequenas cidades, aqui chamadas de aldeias, que infelizmente estarão morrendo aos poucos se nada for feito para reverter essa tendência e que tem, como efeito colateral, o aumento das periferias das maiores cidades.

Do ponto de vista mercadológico já existe um forte apelo na abordagem publicitária dirigida à população mais velha. Anúncios das mais variadas gamas de produtos, são oferecidos todos os dias nos meios de comunicação, o que demonstra que essa numerosa quantidade de idosos, forma um target especifico para a comunicação publicitária. O envelhecimento da população, a baixa taxa de natalidade e a queda do poder aquisitivo dos idosos, não só ameaçam o mercado publicitário português, mas principalmente, o próprio futuro do país.

Fernando Manhães – É publicitário e professor do curso de Comunicação Social da UFES.